terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Vestido verde

Vestido verde. Tem que esperar esfriar, disse minha mãe. A casa dos avós tinha fachada rosa. Três degraus de acesso, banquinhos. No cimentado vermelho cera brilhante e escovão pesado. Goiabas com pontinhos de ferrugem, boas mesmo assim. No final, já tomava o ar o cheiro do pão doce. Havia antes do fim o ritual do caldeirão de tampa alaranjada, para onde iam todos os pães depois de frios, bem depois de saírem do forno, muito depois da manteiga derretida na boca. Perfume de sabonete, short de tergal, de elástico, de sobra da calça do pai, de passeio quando novo, de mergulho no poção do riozinho abaixo. Arroz temperado e aprendi a ler. Parecia um sonho viajar pelo mundo: oitenta dias em uma semana. Verne também, mas era infância.

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