segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Desafronta ligeira

Desafronta ligeira Catatau sabia como fazer. Homem de bateu, levou; de cantou? agora dance; ajoelhou tem que rezar. Era um estalar, uma faísca, uma explosão a qualquer chiste. Não conhecia morais de histórias que no final conferissem derrota ao valentão. Não. Catatau era predestinado mesmo à vitória seca, sem nuances ou paralelices. Ao crivo de perguntas que o delegado desferia-lhe sem piedade, dava respostas quase agressivas, que lhe conferiam variações insólitas de legítimas defesas. Um pensamento desbloqueado, à beira do pueril. Catatau só falava verdades, que às vezes doíam como os próprios fatos (notadamente nas faces e nádegas de seus adversários). Sem ter como sentenciar Catatau, o delegado decidiu dispensá-lo, mas sugeriu-lhe que tomasse um calmante antes de sair à rua. “Mais um, doutor?”, esbravejou o homem. E foi embora.

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