terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Confesso, mas

Confesso, mas tire a mão de minha perna. Foi assim... ela lá. Com cautela, cheguei borbulhante, feito as bolas explosivas do sal de fruta. Na hora, ela nem reparou. Sabe a avenida dos Girassóis? Então, lá perto. Parecia que ela estava em Amsterdam, a holandesa. Pensei assim, holandesa. Nem era loira pra tanto, mas a gente tem essa mania de inventar amores e nacionalidades. Búlgara, já acho nome feio. No pensamento pode tudo. E tenho essas grandezas importadas, vai ver foi minha fissura pela Brigitte Bardot quando criança. Ou o ray-ban que não ganhei, sei lá. Não mexi, aproximei-me para pedir as horas. Já era tarde. Ela mal me olhou antes de subir no ônibus. Subi atrás. Sentamos juntos, assim, com a gente agora. Não aconteceu nada demais. Quer fazer a gentileza de tirar a mão da minha perna.

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