segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Zoava feito

Zoava feito vento errado de raspão nas frestas. Meio de preguiça, meio filme de terror. Nem a ganância da grana, nem a gula por Ivete tiraram Hélio do sofá listrado. Que fosse um sonho, pensava relaxado, sabendo que se esqueceria dele ao acordar. Coçava o nariz, como se a obrigação de levantar cheirasse mal. Sem trabalho não haveria Ivete, porque não haveria grana para haver Ivete: cara e coroa. Nunca saíra dos 45 anos e gostava de pérolas. Hélio, não, gostava apenas de Ivete, apesar 23 incompletos. Dizia 25. Anjo, meio Fra Fillipo, meio Aleijadinho, sempre com expressão pernóstica, sempre amável feito um sequilho de natas. Os silvos já não lhe incomodavam, meio surdo, meio sonolento. Ivete talvez ricocheteasse junto com as frestas sibilantes, fazer o quê? Naquele marasmo nada era inestimável.

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