sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Valise amarela

Valise amarela, blusa florida e bermudas brancas, ainda que o cabelo não fosse loiro, o batom carregado, os óculos implicantemente escuros e saltos altíssimos, chamariam a atenção. Estela era ela, extravagante feito um hip-hop em velório. Alternando a composição, mas sem perder o ímpeto pelo impacto, passada todos os dias pela calçada repleta do bar, exatamente no horário em que os caras tinham sede. Se às seis e meia da tarde, ouvia “gostosa”. Se às oito, outras coisas, palavras bem mais baixas, de cérebros explicitamente mais tomados pelos altos elogios à luxúria. Meses de tentação e moda. De escusas a abordagens vãs. De riso seco ou rosto virado. E naquela sexta, Estela não passou. Tampouco no sábado, nem no domingo, segunda, terça... Joaquim, dono do bar, tenta desesperadamente vendê-lo. O movimento já não compensa o investimento.

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