segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O óbice caiu

O óbice caiu quando o óbito se deu. Sem Matilda, a mulher mandona, Mário se postou atrás da orelha de Milena, a filha de cabeça etérea e tronco largo. Nas palavras entrecortadas com rompantes de cismas pela conduta da moça, passou a profetizar catástrofes sobre seu destino de manicure em domicílio. Que o vento do destino poderia lhe trazer tarados. Que sei lá em qual visita haveria uma horrível cilada. Que isso não era coisa que se prestasse a quem se presta. Milena caçoou dos cacoetes do pai, sem compactuar com ele um risco de rímel nos supercílios ou uma unha de esmalte no mindinho. Com o descuido de uma gazela dopada e a ambiguidade de uma tesoura foi capaz de lhe dizer: “você está precisando de um trato no visual, papy”.

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