sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O céu trabalha

O céu trabalha suas abstrações. Depois de tirar a nuvem escura da esquerda, traça uns raios paralelos de luz do nublado Sol. Opaco verão desmilinguido. A relva em êxtase absorve, gorda, calor e gotas. Carreirista do clima. Embebeda-se do final da chuva, aproveita, recolhe intenções para o seu crescimento. Surge a distração nos ninhos, e os primeiros pássaros arriscam ignorar a circunspecção que demonstravam no momento anterior, de vento chuvoso. Dão sinal de contágio, e seus pares saltam, voam, esconjuram aos cantos abertos o final do tempo fechado. No ócio, Odécio apanha a caneta bic mordida na tampa e jura pra si mesmo que fará um poema. Bem bucólico, bem Olavo Bilac.

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