Sofria de soluço, mas não era o motivo pelo qual sempre se metia em confusão. Seu mal era não aceitar afrontas, fosse pelos pupulos de suas palavras; fosse um desafora caseiro, uma gozação sem ganância, sobre sua natureza obesa ou a cor de sua saia. A ideia fixa dos perigos iminentes pautava sua conduta. Tinha respostas maledicentes para “bom dia”. Xingamentos escatológicos para “como vai você?”. E sinistras insinuações àqueles que lhe desejassem “boa sorte”. Até o dia em que todos passaram a emudecer ao vê-la. Nem um “oi” ou abano de mão, nem sussurros clandestinos. Completamente ignorada, sarou dos soluços, como por milagre.
terça-feira, 3 de abril de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário