Começava a ser amigo de repente. O talento de Décio mal esperava o lá, de um olá; o i de oi; ou o aí, de um: e aí? Era a expressão da absorção precoce, que da sílaba a um longo diálogo de intimidades passava à velocidade de um vendaval, varrendo apresentações e formalidades. A salomônica memória para guardar nomes acrescia popularidade incondicional a Décio. Não havia no bairro viva alma que o desconhecesse. A vida, assim, o descuidava dos silêncios, excluía-lhe as meditações e o conduzia à certa escassez do bom senso, pelo próprio hiato às introspecções. Tanto que o policial não teve trabalho para descobrir quem dera marretada na estátua da matriz, que com gente de mãos dadas simbolizava as pessoas vivendo em harmonia: - Foi o Décio! Delataram todos.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
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