Coberto por um céu carregado, Ludovico coexistia com as pedras. Naquele topo submergia em labirínticas dúvidas sobre a vida na solidão. Era um despreparado para os óbvios da existência, embora não passasse fome, nem sede de água ou desafio. Tinha o íntimo intuito de colocar a eternidade em banho-maria, comer a afobação cozida em fogo brando e meditar propósitos inatingíveis. Ordenhar pássaros lhe era tão comum quanto a sustância do ar ou o leite das pedras. Chorou, sim, quando perdeu o parto da hiena risonha na rala sombra da farinha seca. Nos demais momentos se permitia a felicidade. Espécie de assepsia que lhe lavava a alma.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
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