Transeuntes e vinhos dividiam o espaço exíguo. Um deveria evitar tocar o outro, pelo bem do trânsito interno e da moral vigente. Mas não havia vigia. O garçom atendia a todos, meio confuso, meio solícito. Taças baratas de vidro grosseiro batiam nas latas das mesas, enfileiradas sem convicção ou simetria. Não sei aonde o apresentador imaginou que pudesse haver ali a “atenção” que pedia? Mas pedia aos nacos repetitivos, porque prometia uma atração no palco. E saias de gala suburbana, maquiagens tons acima, gravatas e ternos das ofertas para crentes, entrelaçavam-se em danças trôpegas quando a cortina abriu para além do rasgo vertical. De trás, sorrindo ouro, cárie e falho, apareceu o mágico com a assistente anã. Deu um tímido boa noite a todos, e já meteu a cutucar a cartola, como se tentasse arrancar do fundo uma pomba, ainda que rajada, mas similar àquela da paz.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
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