Cultivou mamona, na infância, para municiar os estilingues. Cobrou passagens, nos ônibus, porque se recusara estudar e sabia fazer contas, notoriamente somas e subtrações. Vendeu todas as sortes e bilhetes da loteria nas ruas. Empregou-se bem, na indústria de gaiolas domésticas, onde obteve elogios dos chefes e possíveis ódios dos passarinhos. Agora é Papai Noel, todo dezembro. Não sabe bem o motivo do “ho, ho, ho” que mandaram dizer. Lá, pra ele (como faz questão de dizer: “aqui, pra mim”), nunca gostou da cor vermelha. Gosta mesmo de tocar surdo em rodas de samba, nunca sino. Para não perder o emprego, desrespeita o médico do postinho de saúde que o manda emagrecer devido ao colesterol. Desfila com brinquedos que nunca teve, distribui sorrisos que sempre lhe foram escassos, diz palavras boas com sua boca má. É como se renascesse em cada Natal, numa concorrência inescrupulosa ao aniversariante.
sábado, 25 de dezembro de 2010
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