Economizamos a água e o café. Larissa chorou. Dona Ester sacou da bolsa um terço. Túlio só falava em quebrar tudo. Claudileide, a recepcionista, pedia calma gente. Apertava inúteis botões, que em tempo de energia elétrica funcionam, garantia ela. Mas a luz já se acabara há oito horas, os telefones emudeceram. As salas adjacentes também passaram a abrigar outras celas, com outros túlios, donas esteres, larissas, claudileides e, imagino, outros eus. “Assim a gente emagrece mesmo”, Larissa humornegrou. Aquela era uma clínica de nutrição. Todos queríamos emagrecer. Dona Ester fingiu dormir no sofá branco, Larissa tomou-lhe o terço emprestado. Claudileide disse a Túlio que ele tinha músculos bonitos. Instiguei: “precisa ver se são fortes!?”. Fui bem. O brutamonte derrubou a porta, suas travas eletrônicas e seus fios de segurança. “Noooossssa!”, admirou-se Clau. Da rua, eu liguei para os bombeiros. Túlio e Claudileide se casaram seis meses depois. Larissa converteu-se, vai direitinho à missa, todo o domingo, com Dona Ester. Fiquei mais magro, pra contar a história.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
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