Sucumbiu à diferença sutil que tinha com a tia. Galdino espirrava torto, mas muito. A tia, espirrava reta, igualmente em farta seqüência: alergia hereditária, quem sabe? Mas os tios não a tinham, nem outros sobrinhos próximos. Só Galdino repetia a saga recebida sabe-se lá por qual dos peitos nos quais mamou bebê. Pegou! Pelo leite pra dentro ou fome involuntária. Enrugava a testa e sugava, sem imaginar, como bebês nunca imaginam, a futura causa mortis que engolia voluptuoso. Perdeu o prumo do espirro criança ainda. Cabeçada da porta que lhe deslocou tronco e pescoço. Troncho e a... a... a...atchim, continuou onomatopar em língua materna, mas herdada, como você já sabe, da tia. O que poucos contaram foi o vazio que essa tia sentiu com a morte subida de Galdino: chave de ouro dos sucessivos espirros, naquela hora fatídica. Como por milagre ou uma dessas explicações freudianas, a velha nunca mais irrompeu, nariz afora, uma sílaba que fosse da palavra atchim.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
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