Sou feliz, porque o destino quis – disse Obdias, e achou máximo seu epigrama, bem colocado e tudo. Teresa ora tinha paciência; teve um princípio de amor, até, que já não a deixava incólume à calamidade, agora transformada em noivo. O porte de pigmeu, humor de gnomo e obviedade de anta do rapaz, constituíam-se em fardos de performances, que a moça passou a carregar com o tédio dos jacarés ao sol. Do outro lado a tradição da vila, rocha inflexível nas normas de conduta: noivou, casou. Somente um abuso maior ou uma deslealdade explícita seriam capazes de eximi-la do compromisso. Mas Obdias era óbvio nas coisas. Certinho como uma garrafinha de coca-cola. Não havia isso que o desabonasse. Quase em pânico, Teresa mentiu. Acusou o coitado de tentar “abusar” de sua confiança. O casto e branco Obdias corou! Jurou que não. Mas o pendor tendencioso da plebe sentenciou-lhe sem piedade: “abusou, tem que casar!”.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
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