Por causa do velho Barbato, que falava que era uma coisa, a casa assombrou-se para nós, crianças tementes. Ele lá morava, mas dizia caprichos com forma e cheiro de lobos peludos e almas penadas. Que patinhos amarelos seguiam porcas imundas; que lençóis brancos pousavam na mangueira, passeavam pelos corredores; cachorros fortes e bravos apareciam do nada ou submergiam na terra dura do terreiro dos fundos; que mortos andavam em roda. Barbato velho arregalava nossos olhos crédulos e contradizia as coisas que aprendíamos na escola e nas missas de domingo. O diabo do velho morreu de repente e foi velado na casa. Que, aos poucos, foi perdendo a assombração e as assombrações. Que foi ficando semi-assombrada. Até que a família a vendeu para uma emissora de rádio. Que falava... coisas ainda mais assombrosas que o velho.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
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