Sofreu com a fatura explícita. Uma fratura exposta para Dagoberto, sovina e ardiloso como um banco em dia de cobrança dos juros. Assim que o garçom trouxe a conta, o olhar de Dagoberto pôs a mão no bolso, sem raciocínio tremeu e a boca fez somas de maledicências. Penso no frango inteiro que compraria com o valor daquelas três coxinhas; na caixa de cerveja inteira mais barata que os quatro chopes; no jazz que ouviria em casa a ter que superar aos gritos aquele axé escrachado e ainda pagar couvert artístico. Somou, ressomou, somatizou com uma mordida no dedão direito dobrado na mão fechada, e entregou o dinheiro ao homem. Ao dar, pediu. Negou gorjeta e mandou que lhe trouxessem um copo com água da torneira: “do grátis”. Para reduzir seu prejuízo iminente ainda pegou dois palitos de dentes, jogou um punhadinho de sal com azeite na mão e lambeu. Só então deixou os amigos, para colocar seu ódio na cama.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
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