Difícil distinguir palavras no murmúrio daquele conferencista. O colóquio sobre o poder da simpatia ultrapassava a hora e meia, quando uma calorosa insolência subiu da platéia em direção ao palco. O embusteiro não parou a fala, prosseguiu aquilo, incompreensível e ardiloso. "Cale-se, pela amor de Deus!", atentou Gotardo. O burburinho prosseguiu. Som de muitas vozes, confuso e, vindo lá do alto ao microfone, quase plangente. Parecia que o sujeito almejava mesmo provocar a antipatia alheia, parecia estar esperando o que tardaria a raiar nas vozes tagarelas do público. Rapidamente o palestrante esfregou o microfone na nuca, provocando distorções zombeteiras. Foi a conta. Gotardo lançou-lhe a botina suja, deu-se aos palavrões desenfreados e convocou a massa ao delírio: "vamos linchar esse cara!". O homem sorriu, sem medo ou ironia, e sentenciou o final provocante: - Por hoje,é só. Na semana que vem discorrerei sobre a alegria de viver!
quinta-feira, 12 de maio de 2011
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