Era um tremor, não havia dúvida. Além do ócio, porém, Ernesto nada teria a perder. Morava de favor, como os primeiros sábios; e seu capital resumia-se à roupa que usava, lambida pelo mau cheiro do alambique. No instante ficou feliz: “primeiro mundo”, gritou sorrindo! Já relatando os tremores recentes ocorridos nos países desenvolvidos. O que é que está havendo? – interveio o senhorio, amigo de Ernesto cuja lucidez carecia de alguns detalhes. “É o fim do subdesenvolvimento. O sinal do progresso. Um mostruário de nossa ascensão!”, retrucou Ernesto, equilibrando o copo de cachaça, salvo à custa da própria tremedeira involuntária de seu portador. Alguns passos até a sala reduziram a alegria desenvolvimentista do pobre bêbado. Dos escombros, um motorista atordoado espanava com os dedos pequenos cacos de vidro do para-brisa do caminhão, com o qual perdera a direção e invadira aquela casinha humilde, habitada por loucos.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
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