Fada madrinha não era para Irineu uma crença, mas uma verdade incontestável. A primeira vez que ela lhe apareceu, taxando-o de perdulário, ele até a tratou com certo desdém. Gostava de gastar muito dinheiro com balas, brincando de roleta russa. Convenceu-se, porém, do lídimo conselho daquela criaturinha alada. Os resquícios de seus tempos como alpinista valeram-lhe a segunda aparição. Pego em contrapé, sem base que pudesse apoiá-lo a mais um metro, já nos trezentos de altura, sentiu a fada fazendo-se de sustentáculo, feito rocha firme ou suporte planejado. Não caiu, e o gáudio à fada lhe cresceu. Passou mesmo a invocá-la, como a um deus ou santo milagroso. De tanto fitá-la aos nadas e às inconveniências, terminou por repeli-la. Deve ter se afugentado em algum Olímpo ou outro monte que o valha. Irineu abestalhou-se, desde que se transformou num caçador de fadas...
segunda-feira, 16 de maio de 2011
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