Nos abstratos desenhos do reboco figurado vi imaginárias formas de coisas do mundo. Era um rosto, cujas lágrimas rolavam só depois das chuvas. Uma lagoa que se enchia de garças e alguns peixes, pela qual às vezes passava um trem de carga, às vezes um ou outro passageiro, às vezes nem trem. Era uma fúria levada da breca que assolava uma cidade secreta, onde habitavam besouros, às vezes lesmas. Por que o galope? Porque às vezes era um cavalo branco e amarelo da última caiação desbotada, levando um saco ou menino. Dependia só do ângulo. Mas quando havia marca de tristeza nos olhos ralhados pelo pai, era, às vezes, um monstro irresoluto de muitas barbas, às vezes, cabelos de cobra meio Medéia macho, meio tiranossauro, às vezes era. Um muro velho olhado com a visão dos íntimos, às vezes é assim.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
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