Correndo pelas veias de pedra daquele desfiladeiro a água chegou fresca à bica, que criaram ao pé do monte. Era cristalina como os olhos do cão weimaraner, que acompanhava Estela naqueles passeios pela Chapada dos Veadeiros. Há poucos quilômetros dali, na urbe a qual vivia, Estela mal tinha tempo para comprar uma garrafa de água envasilhada. Água e vinho, costumava comparar, sendo o último o primeiro aqui mencionado. Seu mal, entretanto, era manter-se sóbria quase sempre. E dava-se às filas e aos cartões de crédito, ao trânsito caótico e aos horários fixos, aos telefonemas ininterruptos e aos prazos estabelecidos. Então lhe surgiu a recaída, espécie de indiferença budista, espécie de lapso zen. Vendeu o carro do ano, alugou o apartamento, desfez-se dos excessos do consumo e montou pousada bucólica. O silêncio, a vida em alfa, o encontro consigo mesma. E Estela nunca mais conseguiu dormir.
domingo, 30 de janeiro de 2011
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