sábado, 29 de janeiro de 2011

Despontou para

Despontou para o bem mal nascera. Sorriu, antes de chorar, e caia fevereiro. De lambuja dormia muito, criando um misto de sossego e desespero na mãe, logo superado, pelo bem bom da rotina leve. “Filho que não dá trabalho”. Fez um, fez dois, fez dez anos, sempre em paz, com gestos doces e perguntas fáceis. Bom menino, bom aluno, bom companheiro. Aos quinze se assemelhava a um santo. Olhos de paisagem, messiânicos, fala pausada, edificante. Não era bobo nem nada, era assim. Sem problema de vergonha para fazer cerimônia; sem ousadia além da dose, para causar constrangimentos. Só pode ter sido aquela tia. Desde que chegou, o menino mudou de expressão. Aos poucos foi se dissolvendo em rancores miúdos, fúrias amiúde, agressões homogêneas. Então confessou o matricídio.

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