Fechava os olhos até obter a tonalidade das trevas. Um grude de pálpebras que praticava amiúde. Buscava espasmos de espanto com aquelas visões do medo de si mesmo, quebrado em pedacinhos luminosos no negrume do nada. Era uma prática infantil, remota como o frango com polenta, o ócio ao Sol ou o macarrão dominical. Para que serve tanta indolência? Subserviência à inutilidade? E esticava os cantos da vista para mudar as formas do enfrentamento com o escuro. Mais bolinhas de luminosidade disforme, outras possibilidades de medo, outros mundos. Queria estarrecer a consciência com as próprias drogas que tinha na alma. Extrair ao máximo a amplitude dos intervalos do cérebro, no horário de recreio das aulas. Até que um gaiato amigo lhe propusesse a safanão, uma brincadeira qualquer pelo pátio afora. Então via o mundo assim, óbvio como ele é.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
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