Boiando na bacia o barquinho de papel seguia o rumo do vento lento. À noite não se podia vê-lo, mas estava ali, restrito às encostas de alumínio, sem destino outro ou praia próxima. A esquadrilha inimiga surgiu pela manhã, formada por dois pardais vulgares como piratas, ávidos por sorver às gotas aquele oceano. Cada bicada afoita na água mansa era um maremoto ao plácido barco, que se inclinava de proa à popa, como se compartilhando com as aves, pudesse bicar a bebida líquida. Um jogo de vida e de morte, vida e morte, vida e morte até que a água lhe adentrasse. Úmido, tênue, desmanchando em suas dobras emborcou e naufragou, lentamente. Virou uma folha de caderno, que boiava com a frase escrita em letras tortas: “aproveite e faça um barquinho”.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
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Há textos como este que me toca, que quando não se conhece técnica (que é o meu caso)não dá pra arriscar qualquer elogio que vai parecer redundante, simplório ou coisa de quem quis escrever algo mas não sabia o que. Me resta aproveitá-lo. Bondia!
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