Bancário oficial do Brasil há mais de década, tinha veia vampiresca. Não que gostasse de sangue, não. Tinha horror, especialmente porque quase sempre incidentes com sangue o impingiriam algum trabalho. Adorava, sim, sugar as paciências dos clientes do banco onde atendia. Concursado, sua garantia de emprego era o infortúnio das vítimas. Com absoluta verve burocrática, abundava criatividade nas filigranas da lei, e fazia velhas voltarem depois que obtivessem um carimbo tal (em cartório), no óbvio documento; jovens, depois que trouxessem certidões com firmas reconhecidas de seus responsáveis; mulheres, homens e gays, depois que refizessem a carteira de identidade, cuja fotografia já estava antiga. E não era nada aleatória a sua meta: ouvir dez desaforos ao dia. No nono, já exalava felicidade, esperando a próxima vítima. Coitado de quem não lhe xingasse... há muitas filigranas e ótimas leis para punir os distraídos.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
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Tenho que mostrar este texto pra uns amigos...
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