quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Bancário oficial

Bancário oficial do Brasil há mais de década, tinha veia vampiresca. Não que gostasse de sangue, não. Tinha horror, especialmente porque quase sempre incidentes com sangue o impingiriam algum trabalho. Adorava, sim, sugar as paciências dos clientes do banco onde atendia. Concursado, sua garantia de emprego era o infortúnio das vítimas. Com absoluta verve burocrática, abundava criatividade nas filigranas da lei, e fazia velhas voltarem depois que obtivessem um carimbo tal (em cartório), no óbvio documento; jovens, depois que trouxessem certidões com firmas reconhecidas de seus responsáveis; mulheres, homens e gays, depois que refizessem a carteira de identidade, cuja fotografia já estava antiga. E não era nada aleatória a sua meta: ouvir dez desaforos ao dia. No nono, já exalava felicidade, esperando a próxima vítima. Coitado de quem não lhe xingasse... há muitas filigranas e ótimas leis para punir os distraídos.




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