Olhou para as nuvens e não enxergou nenhuma esperança. Talvez ela estivesse caída ao pé da mangueira, na forma e cor de Helenice. Sim, aquela era a sua paixão e Edgard, por timidez ou displicência, olhava para o céu. Tudo era tão claro que a luz da incerteza piscava no coração do rapaz. No seu entender, o silêncio da moça evaporava ao vento, porque a mãe lhe corrigira errado, ao repreendê-lo: “quando chega, o amor é um estrondo”. Helenice já se tornava branca àquela sombra. Pálida ermitã da espera. Tristeza de cena naquela ária à beira da turbulência, de um ridículo palpável. Sem assunto e sem conversa, a bela escalou árvore acima, para apanhar no galho mais alto o fruto da obviedade. Desceu de mau jeito. Escorrega aqui, rebola ali, joga o cabelo pra trás para tirar uma abelha grudenta e chegou ao chão. Toda pose. Edgard meio titubeante, meio desejoso, enfim mordeu a manga.
terça-feira, 1 de março de 2011
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