O computador deve passar por aqui a qualquer momento. Devo-lhe um texto, e ele é obsessivo nessas cobranças cotidianas. Primeiro coloca as teclas na minha cola. Elas vão se aproximando dos meus dez dedos, que se transformam em nove ou oito realmente ativos e dispostos a tocá-las. Cobram as letras, palavras e frases, sem as quais asseguram que a vida não vale a pena ser vivida. Depois é a vez da voz muda. O monitor sem animação, e parece até que sem esperança, a me olhar com sua luminosidade indefectível, deixando piscar o cursor ininterruptamente, como se eu estivesse cometendo uma infração de segundos sem abastecer-lhe de conteúdo. Perpassa o enredo feito um velho conhecido. Tem intimidade no ritual, ao ponto de impor seu rumo à história contada, cheio de vontades. Destemidos todos eles, porque jamais atribuem possibilidade à dúvida quanto à direção de meu indicador direito, se para a letra jota, ou para o botão de liga e desliga.
terça-feira, 8 de março de 2011
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