quinta-feira, 10 de março de 2011

Esperaram por decoro

Esperaram por decoro, foram embora coléricos. Os jornais se extasiaram, como morcegos no escuro. Quiseram instaurar-lhes um processo, que fosse por maus tratos aos animais. A comissão da favela não merecia ser ignorada, depois do longo trajeto até o prefeito. Os porretes adestrados dos guardas do gabinete, tal encouraçados no furor da batalha, foi exagero desmedido. A arma única que Tião da Glória levou foi o canivete das laranjas, que nem chegou a usar, porque não imaginava àquilo outra finalidade que não fosse a de descascar a fruta. Galo na nuca, hematoma fresco e arranhões esparsos somaram-se às dores recém nascidas da surpresa que a causa lhes reservara. Anete sequer estendeu a faixa pela paz na vila. Rosecleine não pediu segurança. Idalina omitiu seus queixumes por melhor iluminação. Olegário calou seu pedido por polícia. O pequeno Lucas, coitado, pensou que iria apenas passear no Centro.

Um comentário:

  1. E aí, meu caro. Aliterações e metáforas fantásticas, numa sempre fantástica micro crônica. Não existe mais o concretos e abstratos ,agora é http://peloapelodapena.blogspot.com. Apareça por lá. Beijos.

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