Fósforo molhado, tocos de velas e uma indefectível toalha de crochê vermelho, já um tanto desbotada. Joel criara ali o memorial de seus cachorros mortos, e pelejava inglórias tentativas de acender uma vela para Raia, sua cadela morta há pouco mais de uma semana. A fotografia era a mais recente, entre outras trinta, quarenta, desde aquela amarelada do centro, na qual um garrancho de tinteiro estampava enes e as em letras trêmulas: Naná, talvez existente há outros trinta, quarenta anos. O altar era uma espécie de companheiro íntimo de Joel, que agora vivia sozinho, e que jurou a si mesmo jamais ter outro cachorro, como sempre jurava quando um deles morria. E foi dona Cleide, viúva que tinha lá seus encantos por Joel, quem lhe quebrou o juramento, ao chegar com a cadela Judy. Mórbido, porém, Joel primeiro a fotografou...
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
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Passando pra matar saudade do seu blog e me divertir um pouco com as estórias mais inusitadas da minha internet.
ResponderExcluirabraço! =]
Tempos atrás, minha inteligência mediana me permitia ser fumante. Chovia muito, eu me encontrava na porta olhando as goteiras que caiam numa poça; essa visão me reportava a infância. O momento era propício para umas baforadas. Lancei mão do cigarro branco de filtro amarelo - o maço era vermelho. Caixa de fósforos nas mãos e a surpresa, pois havia apenas um palito. Cigarro na boca e muito cuidado ao riscar o palito. Risquei, acendeu, protegi com as duas mão e o levei próximo a ponta do cigarro, porém antes me inclinei. Deu tudo errado, uma gota d'água caiu bem na ponta do cigarro e o fósforo se apagou. Continuei ali olhando as goteiras. Hoje, minha inteligência deixou de ser mediana.
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