Ela era doce e voluntariosa. Nada a satisfazia plenamente, mas não recusava nenhuma oferta, fosse de comer ou de lazer. Obrigações, não as tinha. E, vontades alheias, também nunca as aceitou, ainda que lhes fossem convenientes. Mais atenta do que o macho idêntico, tinha a percepção das nuances para um gesto ou fato ínfimo. Feminina intuição. Provavelmente despediu-se dos donos sem que os próprios o percebessem. Provavelmente diagnosticou sua moléstia incurável assim que o primeiro sintoma tocou-lhe o corpo. Provavelmente fez dengo para enganar o tempo, mas a morte não se deixou levar só pelo seu charme. Às turras, ordenou severa à cachorrinha que, enfim, cumprisse uma determinação. Ainda que uma única.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
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Com dor no coração, gostei muito da crônica.
ResponderExcluirBeijos,
Ísis