Desvarios déspotas, então, Honorina os tinha aos montes. De bater na cara alheia ou dar com a bunda no chão. Não dialogava, assediava. Deitava parábolas que a colocavam na condição de divina ante as quinquilharias do mundo daqui. À guisa de superior, não admitia contestações em nada: da decisão de se ir ao mercado à opinião sobre os valores musicais de uma canção. E, cá entre nós, era cafona e deselegante. E, mais cá entre nós mesmos ainda, tinha uma idiotia intrínseca e um mau hálito de parar interlocuções. Agora, tinha quem gostava! O Paulão, por exemplo, sempre quites com as vontades da louca, lembrava um leão de chácara daquele patrimônio de humanidade duvidosa. Por ela, era capaz de por em risco os limites da vida, sem se importar com os constantes desafiadores. Dizem que aquele olhar de soslaio que ambos se ofereciam tinha um quê de recôndita paixão. Não sei. Duvido até que Honorina era capaz de amar alguém.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário