Virou mau velhinho, fechou o jornal e tirou a fantasia. A tia achou estranho. Arlindo sempre se vestiu de Papai Noel para distribuir às crianças pequenos mimos que angariava com os vizinhos durante o ano. A manchete “Papai Noel é morto a facadas por infidelidade religiosa no Tadjiquistão”, estampada sobre a poltrona, talvez justificasse a decisão, mas Arlindo, afinal, jamais saiu da Vila Aurora. Desconfiou de Parviz, o russo da esquina, que mantém o velho negócio de conserto de relógios. Ninguém jamais entendeu o nome daquele país onde ele um dia disse que nasceu: ex-república soviética. Arlindo, cuja bondade jamais andou aos passos com a coragem, preferiu a precaução. “Em caso dúvida, duvide!”, ainda brincou, meio Millôr, com suas habituais roupas de funcionário público.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
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