Um céu pregado com tabuinhas e o Sol feito com calota furtada do fiat do tio, sob o disfarce amarelo-ovo. A cascata descia aos pingos pelas conchas das três, depois de passar pelas escumadeiras, todas obtidas sorrateiramente da avó materna, da vizinha da direita e da mãe da amiga da irmã, respectivamente. Na parede lateral a almofada verde virou copa de uma árvore estranha, cujo tronco de cabo de rodinho e os frutos de bolas de jornal nem fizeram falta à cunhada, sempre entretida com as coisas das novelas. A bacia lagoa, a pá de lixo remo e o sofá barco causaram um pouco de surpresa à mãe, já um pouco habituada àquela esquisitice, mas desdenhosa. Só ele, Marco Pólo, sabia a grandeza exata daquele mundo, igual a todos os outros mundos na essência dos furtos e extravagâncias, mas mais pródigo em esquivança.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário