quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Na piscadela

Na piscadela com a qual conquistou Evaristo havia um chiste de pálpebra e uma simulada movimentação de lábios. Pilhéria meio impune ao espírito da conquista fácil. Espécie de xixi na correnteza do óbvio, pronto a inundar corações alheios. Evaristo não viu. Nascido a termos, criado a sério, tinha um lapso na percepção à malandragem, mesmo à patente. Tendia ao estável e qualquer alteração em sua medida de segurança lhe era alheia. Não havia risco a Ema para persuadi-lo às caras e bocas. E o casamento fez-se rápido, fruto de uma distração e uma piscadela. Evaristo, sempre relapso, e ora acomodado, pouco reparou nos espasmos labiais públicos e nunca acompanhou a enorme movimentação das pálpebras de Ema.


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