Sem espaço para a guimba, engoliu saliva, martelou injúrias às leis e enrolou aquele resto no plástico extraído da caixa dos cigarros, para guardá-la no bolso até o próximo lixo. Não havia lixo por ali e teve o plano. Para evitar desconfianças, retirou do vaso e cheirou a rosa, acomodou dissimulado o estorvo no cabo e retornou a flor à água. Logo Filomena achou lindo o gesto, e pôs-se ao seu lado para também cheirar uma flor. O plástico boiou, expondo a guimba envelopada. Ele tratou logo de dissipar o desconforto: “você acha? Que absurdo?”, disse à moça. “O senhor cheira a cigarro!”, ela retrucou meio conjeturando, meio acusando-o. Pasmo e cético, ele fez cara de indignação: “a senhora não está pensando...?”. Ela sorriu. “Não, a guimba que há dentro daquele guarda-chuvas, ao lado do cavalheiro à direita que lê jornal, é minha... também!”.
domingo, 4 de setembro de 2011
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