Dispendiar pessoas e estatelar os dedos eram os hábitos de Hilda. Com argúcias múltiplas e honradez mínima criava histórias para as caras almas. Como aquela em que simulou o enfarto para que alguém lhe cedesse o dinheiro do táxi, após o chope. Hilda concernentemente à dor haveria de extrair o lucro. Um valor para a dor. Xis para uma coluna travada, ípsilon para um mal estar de estômago, zê para não sei o quê. Caso colasse, recebia, mas nunca caía caso o pequeno golpe não desse certo. Foi no mês setembro, se bem me lembro, que afundou no sofá soturna, lúgubre e mole, com o cálice de vinho em punho. Sonorizou galhardo gesto de indisposição explícita, e todos esperaram o próximo pedido de Hilda, único, na forma de trocados. Foram sumindo os ais, os sopros, nenhum gole até fôlego algum. E Hilda se foi, quando muitos já buscavam a carteira de notas.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
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