quarta-feira, 20 de junho de 2012

Desligada

Desligada há doze meses, a televisão jamais deixou de exibir os filmes cults e trashs aos quais tanto esteve habituada. Sem cortes, o cérebro de Heitor produzia na velha tela plana inúmeras montagens irregulares, perseguições capengas, traições, contra-planos ou trilhas capazes de lhe elevar a tensão para além daquela solidão. Sem risos, comentários ou pipocas, seu remoto controle era agora um drama mexicano descontrolado, à velocidade das cenas lentas iranianas ou futilidades americanas. Foi no “The End” de Casablanca que Marina se levantou, e nunca mais sentou naquele sofá carmim.

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