Encontrou pepitas de ouro nos cabelos de Áurea, e nem garimpeiro ele era. Nunca havia imaginado que aquele ser indefeso seria capaz de produzir riquezas, assim, num mexer de franjas. Ela era povoada pela fartura, mas, artista, esquecia quase sempre a sua tarefa. Jamiliano, não. Era atento, homem de movimento. De um despotismo quase opressor, carregava Áurea consigo como se exibisse uma medalha conquistada em guerra. Os últimos convidados já deixavam o teatro, quando Jamiliano decidiu cobrir a cabeça de seu bem com um lenço grosso de tecido forte. Nenhum minúsculo minério haveria de cair daquelas madeixas sem que fosse imediatamente enlaçado pela toca improvisada. Sem jeito, Áurea confessou-lhe que havia inserido o ouro nos cabelos apenas para a personagem daquela noite. Foi com uma faca de cozinha que ele escavou cada mina que pudesse esconder uma mentira.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
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