Empilhados com rigor mortis, os abacaxis intactos pareciam obedecer ao comando de Janus, feito pelotão em ordem de sentido. Mascotes sondavam os vãos elaborados pelo velho. Buscavam o segredo para aquele exímio equilíbrio da pilha. Janus e seus tantos anos guardavam ocultas as incisões cesarianas que dissimulavam nas casacas, sem melecas ou vestígios, capazes de desaperceberem os olhos dos muitos fregueses que paravam para comprar as frutas. A simetria daquilo era um merchandising prestes a produzir o pão, o leite, o lucro de Janus – apenas um vendedor de abacaxis de beira de estrada, que tinha a calma de um monge e a precisão de um atirador de elite.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
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