A condição de Adelaide parecia muito pior do que de fato estava. Parecia distinção se lhe perguntássemos sobre sua saúde. Tinha dores e respostas para tudo. Da fala sôfrega à perna ligeiramente manca, queixava-se de um mal maior ao menor sintoma de uma banalidade. Sua bondade, porém, não fazia distinção. Alegrava feirantes e ambulantes, padeiros e aventureiros, elevando todos à condição de médicos graduados, para os quais expunha seus diagnósticos terrivelmente irreversíveis. Andou melhorzinha, quando o jornalista da gazeta, num reverso às histórias de Adelaide, arriscou um exercício ilegal da medicina, e lhe receitou doses diárias de notícias tristes. Como ela logo constatou, no entanto, a coisa funcionou como aquela melhora que se tem antes da morte.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
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