Todos os tipos de despedidas desanimaram a futura visita a Abílio. Sua cordialidade beirara o canibalismo, especialmente depois dos longos abraços e lágrimas, quando chegava a soltar baba no rosto das tias e primas. De angelical, aquele grude mais parecia demoníaco, como se tivesse a esperança de nascer e crescer novamente, para transformar a voz da terra natal num coro de lama. Com a mãe, ora tia velha, Abílio foi o único parente que ficou na vila de São João do Pino Entortado, depois de se formar professor, na cidade próxima. Estudou a cavalo e deu aulas às cinzas, mal separando o aboio do trigo. Agora, lá, no calor cozido pela falta de água, ilustração ou gente, colocava o tédio para passear de bicicleta, e não tocava em outro assunto, exceto no da espera dos parentes para as festas dos finais de ano. Tia Dirce, no regresso, disse às filhas enfadadas: “isso não é mais amor fraterno, é sangue do meu sangue”.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
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