Pitonisa invertida lia o passado ao futuro. Na vila, logo formaram fila, como se cada qual já não soubesse de seus tantos erros e eventuais acertos cometidos. Só Saião não quis conversa. Esquivou-se da rua onde a tal vidente morava e lançava suas cartadas. Os dias encarregaram-se da desconfiança que os demais moradores passaram a nutrir por Saião. O que aquele “turco” ocultava do povo do lugar? Se todos já sabiam que Haidê não era honrada, Taís não admirava ninguém, Fanny era triste por um amor passado, Valdívio era um ambicioso mesquinho, Quental tinha medo de sair de casa, Leo tinha medo de gatos e Nilma escondia-se na Lua Nova, não haveria motivo para Saião correr das cartas. Com rudeza odiosa, tomaram-lhe pelos braços e o postaram na marra à frente da tal profetiza. A mulher ainda tentou disfarçar, mas logo revelou o inevitável, com presteza dos submissos: “pode deixar, Seu Saião, como o senhor me trouxe aqui pra vila e paga meu salário em dia, vou dizer que sempre teve um bom coração!”.
domingo, 7 de novembro de 2010
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