De súbito, por um tropeço inexplicável, fiquei subjugado pela ilimitada noite escura que antecede o sono. Um ardente interesse naquilo que estava acontecendo, mas parecia não acontecer nada. Senti como se me lançasse num recatado véu de sombras, mesmo não tendo ideia de que cor era o lençol que me cobria. Não era lenta a agonia do abandono, nem desamparo era. Destino comum e difuso apenas. Depois de breves respirações mais profundas, todos os meus músculos pareciam alisados no colchão ortopédico. Náufrago em irremediável sono, distribuía sentimentos delicados e demasiadamente frágeis a um cérebro que se recusava processá-los. Estranhamente, como se me nascessem asas e pelos pelos sovacos senti que virava anjo. Só não pude entender o final daquela história. Não houve vôo, nem nenhum sentimento de realização no ar. Devo ter dormido, afinal.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
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