Para crianças mataria a sede e seria “o canal”. Divisor de águas entre os escritos adultos e infantis, Reagan Silva pôs-se a contar fábulas, com finais edificantes. A da Joaninha Estela foi o marco zero. Havia um pendor tendencioso na tal criaturinha pintada. Ainda que vermelha com bolas pretas, imaginava-se passando incólume pelo verde da mangueira, disfarçada de mandruvá, com uma folha de manjericão carregada às costas. Sob mil pretextos não ouviu a irmã, joaninha já mais velhinha. A matusquela Estela cismou de comer agrotóxico, beber inseticida e ficar na chuva, só apreciando os pingos – seres minerais do mesmo tamanho que ela. De tão louca caiu do galho, e logo sentiu a chuva ácida: o xixi de Thor, pastor alemão. Ele não podia sentir o cheiro de manjericão, que logo o demarcava. Estela morreu, segundos depois, e Regan Silva lamenta pastoso, no boteco da esquina, a incompreensão das editoras com sua arte infantil.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
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