Querer bem que queria o beijo, mas com qual desejo? Porque, na rave, não achava os rumos, perdida na batida oca dos pressentimentos rítmicos. Deu os lábios ao bebedouro próximo, e sorveu o líquido com arrebatamento, como uma anã sobre uma escada alta. Passou a enxergar as prósperas bocas: ressecadas, carnudas, molhadas, omissas. Pediu licença ao seu recato, benção à libido, compaixão à margem de erro. Fez que fazia uma ideia e deixou escorrer os gestos. Aos estalos ou aos âmagos das línguas, beijou, beijou, beijou. Detrás dessas superfícies, decidiu que sim, que assim mesmo, fosse como fosse, haveria de acertar. Babou com urgência, se limpou com cisma e tomou mais um uísque, sem acusar a vida de negligente ou vazia.
sexta-feira, 23 de março de 2012
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