
Quando passou dos 150 quilos a mãe preocupou-se. Ele sorriu, satisfeito, feito um acrobata que sobe a escada para dar um salto mortal. Aos 200, a mãe desesperou-se. Ele parecia algo macio, que enrijecera devido aos pequenos aborrecimentos diários. Mudou de feição. Do vigor à morbidez, do prazer ao vício, do sabor à necessidade, já não distinguia a zombaria da seriedade, da dor ou do desprezo. Era como se o ar se adensasse, num abafamento insuportável. Quando explodiu, nem barulho ele fez. Foi como se existisse só para si próprio: metódico e silencioso.
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