quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O sonho de fósforo

O sonho de fósforo de Edgard se traduzia em fagulha. Num riscar de olhos lá estava ele com outra visão. Não que fossem sempre fúteis. Sonhava, às vezes, pingar a Lua no olho esquerdo, para aliviara a ardência. Deixar crescer-lhe nos ouvidos um pé de manga ou aspirar aos ventos para impedir tempestades. Um Dali daqui. Foi pelo furo morto que fez na parede branca que viu nascer a oportunidade de tornar-se artista. Plástico, de preferência voltado à reciclagem, porque se engajou na luta pela preservação dos tupperwares usados. Edgard nasceu para ser pálido e esquálido, mas teve força de vontade para chegar à indecência.


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