Azedo no gazebo, Osório não queria graça com Gorete. Da sala, ela reclamava incontinente do clima, em cima de um pufe de pele de onça e cheiro agridoce. Caso dissesse “vem pra cá”, Osório estaria fadado ao enfado. Calado, o coro em uníssono da mulher soava-lhe como uma caricatura do inferno. Fechasse o gazebo e seria ele quem não agüentaria o calor. Mantivesse-o aberto, e aquilo. Com precisão dos pássaros mergulhadores, Osório atirou o cinzeiro de vidro em direção à boca de Gorete. Cena de disposição à obtenção de um silêncio, sem outra intenção. Mas o sangue, os cacos, os dentes quebrados de Gorete acabaram por impressioná-lo um pouco, e Osório se levantou, foi à torneira da piscina e lavou o rosto. Depois seguiu plácido ao distrito mais próximo, mas registrar a queixa de violação de privacidade.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
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