terça-feira, 30 de agosto de 2011

Azedo no gazebo

Azedo no gazebo, Osório não queria graça com Gorete. Da sala, ela reclamava incontinente do clima, em cima de um pufe de pele de onça e cheiro agridoce. Caso dissesse “vem pra cá”, Osório estaria fadado ao enfado. Calado, o coro em uníssono da mulher soava-lhe como uma caricatura do inferno. Fechasse o gazebo e seria ele quem não agüentaria o calor. Mantivesse-o aberto, e aquilo. Com precisão dos pássaros mergulhadores, Osório atirou o cinzeiro de vidro em direção à boca de Gorete. Cena de disposição à obtenção de um silêncio, sem outra intenção. Mas o sangue, os cacos, os dentes quebrados de Gorete acabaram por impressioná-lo um pouco, e Osório se levantou, foi à torneira da piscina e lavou o rosto. Depois seguiu plácido ao distrito mais próximo, mas registrar a queixa de violação de privacidade.


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