Mais feliz no anseio da espera do que na chegada, João Adolfo não tinha latitudes nem longitudes quando podia aguardar. Parava e ficava. Ali, horas, não perdia a esperança. Tinha, sim, sempre fé, porque no fundo presumia que poderia contar com a realização de ver Guilhermina passar. A escolha aleatória das ruas era quase uma garantia do fracasso, que no íntimo buscava, dado o delicioso prazer de suspeitar a possibilidade da ocorrência. Guia do nada, pastor da expectativa, guardião obstinado da vigília ao abismo do despropósito, João Adolfo tem orgulho do que faz. Como um padeiro, quando sente o cheiro do pão quentinho, fruto de sua realização.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
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